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quinta-feira, 17 de março de 2011

Estou em casa

Olhos abertos – Oh mundo tão triste!

Fecho os olhos – Estou em casa...


O vento me toca

Nas mãos de Zéfiro sou poeira de estrelas

Voltando, Zarpando, Navegando pra casa

Despeço-me, Dou-te Adeus, vou-me embora!

Ah! Estou em casa! Estou em casa!


A lua não é mais a mesma

Os campos não são como os teus

O povo sorri e é feliz

Ah! Estou em paz comigo!


O luar me toca!

Nas mãos de minha Deusa sou uma folha

Refletindo seu brilho sutil, amoroso.

Flutuando, planando, subindo, tocando o céu!

Desço, caio, volvo a terra, Estou em casa!


A fogueira consome memórias

Para trás minhas tristes lembranças

Faíscas que sobem aos céus, Doces preces!

Minha grande família cantando, pois voltei!


O fogo me toca!

Queima o passado banhado em choro

Nas chamas de meu Deus eu renasço!

Queimando, subindo, volvendo como cinza.

Ilumino, alimento-me, apago-me, retorno!


Ah, estou em casa, estou em festa!

By: Katrina De Salem

sexta-feira, 11 de março de 2011

A carta 2

Tens visto querida? Aqueles astros vagarosos arrastando-se no espaço rumo á inexistência?

Como eles tenho vagado! No pico de agudas montanhas atiro-me nas pedras, espedaço-me, sangro, sofro e volto ao começo, inteiro. Poderias explicar-me este caso?

Como um homem pode atravessar a morte sem dela nada levar?

Os dias tem sido frios. Minhas lágrimas também... Todavia meu choro tem se esgotado. Acho que o pranto me foi tirado, mas a tristeza me acompanha nesta interminável caminhada por estes lodaçais imensuráveis. Às vezes singelas luzes brilham no céu noturno, talvez anunciando que a esperança não morreu, entretanto, surgem a seu bel prazer, e somem.

Tenho consumido meus sonhos, os últimos, para sobreviver.

Finjo o deleite de frutas frescas, risos de crianças, campos verdes, vilarejos alegres... Busco a loucura para amenizar a dureza da realidade. Nada de bom vinga deste solo venenoso, nada de belo rasga estes céus escuros, nenhum pássaro canta... Apenas ouço lamentos. Os meus.

Dói dentro de meu peito olhar o passado, o presente. Temo o futuro horrivelmente. Nenhum monstro me parece mais assombroso que este futuro. Oh! Como gostaria de implorar-lhe o aconchego do abraço, como criança que se perdeu pelas sombras do quintal e retorna ao colo da mãe queria eu retornar á ti. Ah! Mas o ódio ainda queima... Corrói-me as entranhas como letal vírus. Portanto, fica com teu mundo feliz, que ‘inda tenho que atirar-me muitas vezes destes picos... Oh meu bem, meu ódio não te toca! Não te fere! Fere-me e toca-me... Somente. E este amor enlouquecido que me conduz ao êxtase rasga-me! Como queria esquecê-lo! Tira-o de mim Deusa! Arranca-o como espinho! Tira-o! Tira-o de mim! ...


quarta-feira, 9 de março de 2011

O pagamento


Nada tenho! Brada o tolo

Remexendo-se na lama

Toda vida desgraçou

Com vícios e parvoíce


Fez os queridos chorarem

Fez dos excessos a lei

Nas noites tornou-se luxúria

Nos dias era avareza


Mas sábio é o tempo!

Que lhe tomou a beleza

Deu-lhe em troca a velhice

E um bom punhado de dores


O viril grosseiro e prepotente

Amanhã é um cão na sarjeta

Gritando: Nada tenho na vida!

Como o mais infeliz miserável


Todavia vem a morte lhe tocar

“Te enganas meu caro amigo

Ainda tens o trançado de tripas

Que te dão a imerecida vida”


As lágrimas que caem hoje

São por descuido e vulgaridade

Feliz aquele que do mundo se guarda

Pra dele não partilhar essa paga.


* Eis aqui uma carinhosa crítica aos que reclamam quando sofrem as conseqüências das próprias nefastas escolhas. :)


By:Katrina De Salem

Prece



Talvez em algum buraco negro

Engolido pelo tempo, isolado pelas sombras

Existe um anjo que outrora caiu

Aboliu primaveras e sentenciou o inverno


Os risos de verão agora são memórias

Abandonadas, jogadas, rasgadas.

O farol que rompia as trevas da noite

Como a existência perdeu o brilho


Restam murmúrios sorrateiros

Que o ferem como golpes vindos do nada

Um lamento sem fim de alguém

Será eu ou você?


Sejam minhas lágrimas um bálsamo

A tocar tuas pungentes feridas

Seja tua dor um pouco minha

Para que estejas mais uma vez comigo


A escuridão que te cobre como inviolável véu

A luz um dia há de rasgar!

E o anjo que outrora livre voava

Poderá novamente pelo ar navegar


Perdão se meu amor não o amparou

Se por decreto precisei partir

Mesmo que outra estrela seja tua morada

Nem ela me afasta de ti.

By: Katrina De Salem

Para alguém de muito, muito longe.