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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Qual o gosto?

Se na escuridão de sombrios pensamentos perco-me
E em mares de escassez de vida eu me afogo
Sê-lo-ei bem mais que uma atormentada por feras
Mas uma vitima de mim mesma

Qual o ser que se devora para não ser devorado
Atirar-me-ei em rios e pedras
Para sorver da vida o ultimo gole de sorte
E fugir da realidade suprema que me cega

Qual o gosto que tem? Pergunto-lhe
Rios de sangue serpenteando o alvo pescoço
E os olhos luminosos ainda espreitando
Á espera do suspiro final

Que gosto tem a morte caro amigo?

O mesmo gosto, dir-lhe-ia, dos invernos mais longos
Onde tapetes brancos cobrem tudo melancolicamente
O mesmo gosto do grito que ainda ecoa
Pela rua nas madrugadas solitárias

Qual o gosto da eternidade?
O mesmo dos sonhos que outrora nos animavam
E hoje não passam de uma ilusão fugaz?
Ou o mesmo sabor do beijo jamais dado?

Qual o gosto enfim da tristeza?
Talvez tenha o mesmo da taça de vinho quente
Que nos acompanha inevitavelmente
Por estradas escuras de nossas mentes

Agora que saída tem a poetisa?
Senão se render às sombras e ao luar
E se declarar uma leiga nas perguntas mais simples
Nas filosofias mais falsas e profanas...

por: Katrina de Sálem

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